FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE

FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE
FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE. Fundada em 11/12/2010. sobac.bacamarte@gmail.com . Fone: (81) 98683-7120 (whatsapp) e 9.9750-3564. Para acessar o Museu do Bacamarte, clic na foto acima.

segunda-feira, 20 de março de 2017



MUSEU OLIMPIO BONALD DE BACAMARTE, UM MARCO DA MEMÓRIA CULTURAL PERNAMBUCANA

Há três anos, a SOCIEDADE DOS BACAMARTEIROS DO CABO – SOBAC – iniciou uma campanha em prol da conquista de sua sede, visto que se aproximavam as comemorações de cinquenta anos desta que protagonizou a caracterização de pessoa jurídica no que se refere ao folguedo em voga.
Em 2012, após recepção de um mandado de despejo de uma pequena área pública situada no Mercadão, ocupada pela SOBAC, na Rua da Estação, nº 17, Centro, solicitado pelo governo municipal, a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo se viu “sem teto”. A denúncia de desprezo pelo patrimônio, que já havia sido aclamada na Conferência Estadual de Cultura, espalhou-se publicamente pela rádio comunitária, em manifestações públicas, em redes sociais eletrônicas e, chegando até ao Ministério Público, que se eximiu da responsabilidade alegando que a política cultural correspondia à escolha eleitoral da sociedade municipal, colocando, inclusive, que só poderia se posicionar caso fôssemos Utilidade Pública do município.
   O vereador Ricardinho apresentou, a pedido da entidade, o Projeto de Lei de transformação da SOBAC em Utilidade Pública, que foi aprovado por unanimidade na Câmara dos Vereadores do Cabo.
   Perante boatos de que a SOBAC ocuparia um prédio público, próximo à estação ferroviária, a entidade foi convocada extraoficialmente pela prefeitura, a partir da intervenção do secretário de desenvolvimento econômico, Sr, Deda, onde se estabeleceu, através de conversa cordial, um prazo para localização da entidade num equipamento público. A SOBAC se antecipou à pesquisa e recebeu informações de que o antigo prédio onde havia funcionado a escola Pastor José Florêncio e, posteriormente, a Associação dos Deficientes Físicos do Cabo, estava desocupado e sem projeto de funcionamento. Levou a conhecimento do prefeito o pleito daquele prédio, por se localizar na área antiga da cidade, por estar, parcialmente, com as características de época, construída entre os séculos XVIII e XIX e se localizar num corredor cultural que engloba a Escola de Música Ladislau Pimentel, a sede da Philarmônica XV de Novembro Cabense, o Mercado das Artes, o Teatro Barreto Júnior, a Praça Poeta Théo Silva, o largo festivo de Santo Amaro, a casa da poeta e criadora do hino da cidade, D. Anita Melo, o arquivo público, etc. A proposta foi encaminhada pelo executivo ao legislativo que, também por unanimidade, aprovou a cessão de 10 anos do prédio à SOCIEDADE DOS BACAMARTEIROS.
   A SOBAC iniciou uma campanha, através das redes sociais eletrônicas, rádio e porta-a-porta para captação de material de construção para reforma, obtendo sucesso. A partir de serviços voluntários dos próprios Bacamarteiros e de recursos de caixa das apresentações, bem como de liberações do uso de rendimentos do Ponto de Cultura feitos pela FUNDARPE, a casa foi reformada do piso às pinhas portuguesas da fachada. Toda a adequação de segurança, como porta de ferro do arsenal, extintor, alarmes... exigidos pelo Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro, foi cumprida. E a sede passou a funcionar e, com o funcionamento da sede dos Bacamarteiros surgiram cobranças da sociedade civil no sentido de abri-la a visitações.
   Carregada de referências vanguardistas, como a criação de bacamartes em aço, elaboração do primeiro estatuto e regimento interno, formação de primeiro pelotão feminino, grupo de primeiros socorros e manifestação na capital do estado pernambucano, a SOBAC, reafirmou sua liderança participando da criação da Federação dos Bacamarteiros de Pernambuco – FEBAPE -, assumindo a presidência da mesma, aprovando projeto de Ponto de Cultura em convênio com a Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco – FUNDARPE -; coordenando os quatro encontros Na Pisada do Bacamarte, patrocinados pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife; assessorando o Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados, do comando da 7ª Região Militar do Exército Brasileiro, na elaboração de uma nova Instrução técnico-administrativa, que viesse a substituir a ITA 024/2002 já defasada; intermediando embates jurídicos, como o caso do armeiro de bacamarte Lenilson Ferreira da Silva, preso por confeccionar bacamartes, bem como por apreensões e prisões de bacamartes e bacamarteiros do sertão. Estabeleceu a primeira inserção do bacamartismo na internet, com o blog bacamarteirosdepernambuco.blogspot.com, substituído pelo bacamarteempernambuco.blogspot.com, etc.
   A partir desta longa jornada, de cerca de 10 anos, a SOBAC estabeleceu relações com quase todos os grupos de Bacamarteiros existentes no estado de Pernambuco e fora do estado, desenvolvendo condições que inspiraram sua iniciativa mais recente: a criação do Museu Olimpio Bonald de Bacamarte e da Biblioteca de Folclore e Cultura Popular Generino Bezerra. Olimpio Bonald, pesquisador do bacamartismo na década de 1960, autor do livro Bacamarte, Pólvora e Povo, acadêmico da Academia Pernambucana de Letras, doou para a SOCIEDADE DOS BACAMARTEIROS DO CABO seu acervo iconográfico ligado ao folguedo, que remonta os idos de 1920, bem como uma coleção de livros sobre folclore e cultura popular, batizada de Bibioteca Generino Bezerra, um ex-componente da SOBAC e do bando de Virgulino Ferreira, o Lampião, afeito aos livros.
   Além dos acervos cedidos, complementados por doações de Fátima Parahin e da Fundação Joaquim Nabuco, a comissão organizadora do Museu Olimpio Bonald de Bacamarte iniciou campanha de arrecadação com grupos Bacamarteiros de todo estado de Pernambuco, criando um espaço de memória com característica comunitária, preparando cidadãos comuns, brincantes, para mediarem às visitações ao museu.
   Paralelo à campanha de arrecadação, a SOBAC encaminhou projeto, a pedido do deputado Federal Betinho Gomes, a fim de receber recursos de emendas orçamentárias, com objetivo de modernizar, através de implementos tecnológicos que venham a disponibilizar espaços de experimentos sensoriais relacionados a pratica, criando, assim, um atrativo para as novas gerações, possibilitando a releitura do folguedo, contribuindo para sua permanência e readequação.
Com o objetivo de fomentar um espaço vivo e participativo, o Museu reuniu líderes do segmento de cultura popular locais, a fim de mobilizar para ações políticas comuns, apresentou palestras formativas, realizou oficinas de pífanos e de inclusão digital para idosos, bem como homenageou com a medalha do mérito bacamarteiro, brincantes e apologistas do brinquedo.
   O acervo transcende os objetos e imagens característicos da prática específica do bacamarte, vale-se, também de objetos e ícones que estão subjacentes à manifestação em si, como os de referência religiosa e artesanais, cito: Pilão para pólvora; bandeiras; imagem dos santos joaninos; colunas arquetípicas regionais, fundadas sobre o Pe. Cícero Romão Batista, Cap. Virgulino Ferreira Lampião e o Rei Luiz Gonzaga do Nascimento, simulacros de cartuchos, pólvora e espoletas, etc.. Uma coleção de fotos de perfis, mostra as principais lideranças, mantenedoras do brinquedo no estado de Pernambuco e monóculos apresentam nuances da manifestação.

   As visitas agendadas, principalmente por escolas municipais, como vem acontecendo, são acrescidas por palestras sobre o bacamartismo e reprodução de vídeos onde se pode presenciar virtualmente a ação bacamarteira.