FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE

FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE
FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO - FEBAPE. Fundada em 11/12/2010. sobac.bacamarte@gmail.com . Fone: (81) 98683-7120 (whatsapp) e 9.9750-3564. Para acessar o Museu do Bacamarte, clic na foto acima.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO COMEMORAM

No dia 29 de Janeiro de 2011 salvas de tiros da paz foram dadas por dois motivos: Primeiro o arquivamento do processo do artesão de bacamarte Lenilson Ferreira da Silva, preso injustamente no ano de 2009 e, a segunda, a criação da FEDERAÇÃO DOS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO. O evento reuniu na cidade do Bonito vários líderes bacamarteiros das várias regiões do estado de Pernambuco e, após discussões sobre o estatuto e as estratégias para o início da Federação, foi eleita a primeira diretoria, composta por:
Presidente: Ivan Marinho (Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo)
Secretário: Nelson Tadeu Daniel (Associação Cultural dos Cabras do Nordeste do Município de Flores)
Diretor financeiro: José Carlos da Silva – Boy (Associação Mandacaru Bacamarteiros de Abreu e Lima)
Conselheiros Fiscais: Janduir João dos Santos (Batalhão 56 dos Bacamarteiros de Riacho das Almas)
José Euclides Paiva (Associação dos Bacamarteiros do Bonito)
José Manoel de Paiva Filho (Associação de Belém de Maria)
Suplentes: José Antônio Limeira (Associação dos Bacamarteiros Serra Talhada)
Eronildes Pereira Amorim (Associação dos Bacamarteiros de Triunfo)
Severino Manoel Silva (Associação dos Bacamarteiros de Moreno).

APRONTAM-SE, AGORA, OS PREPARATIVOS PARA A POSSE.
VIVA OS BACAMARTEIROS DE PERNAMBUCO!!!!!!!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bacamarte em Pernambuco
“Em 1964, oito homens, estimulados por um mecânico habilidoso, inauguram na paisagem cabense ‘uma brincadeira’ que ali ninguém conhecia”. Com estas palavras, o acadêmico pernambucano, Olimpio Bonald Neto inicia em parte de sua pesquisa, incentivada pelo então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS) e publicada em seu boletim de número 12, em separata, no ano de 1965, tratando do surgimento da brincadeira, denominada Bacamarte, no Cabo de Stº Agostinho. Dois anos depois a pesquisa toma forma de livro e é lançado pela Editora Arquimedes do Rio de Janeiro, dedicando três de seus capítulos à história do bacamartismo nas terras encontradas pelo navegador espanhol Vicente Pinzòn em janeiro de 1500.
Não seria por acaso que Olimpio Bonald destacaria a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo - SOBAC. O poeta e ensaísta, com sua sensibilidade antropológica, já pressentia a importância estratégica da SOBAC para a permanência e adequação daquele folguedo aos tempos modernos. E a estratégia demandada foi montada pelo torneiro mecânico José Alves Bezerra – o Zé da Banha -, um imigrante da cidade de Altinho, atraído para as plagas cabenses pelo recorrente desenvolvimento da indústria.
Surgia então, em 1º de maio de 1966 – a data também não é coincidência – a primeira organização bacamarteira com perfil operário, inovando com a criação de estatuto e regimento, constituindo-se como pessoa jurídica, qualificando técnica e esteticamente o equipamento de detonação (os bacamartes), implantando o grupo de primeiros socorros e, até, criando uma escola específica para filhos de bacamarteiros. Um grupo jovem que, ancorado na organização, projetou-se como exemplo para todo estado de Pernambuco e ocupou espaço nas programações joaninas da capital pernambucana, popularizando ainda mais o folguedo predominantemente sertanejo e agrestino.
Passam-se anos, décadas, século e os homens – agora também mulheres – vestidos de zuarte, que trocaram a guerra pela festa, permanecem firmes com suas pesadas reúnas que escrevem, com seu estrondo, o código identitário desta nação guerreira alcunhada de Leão do Norte.
Como predestinada à vanguarda do bacamartismo, a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, retoma em 2007 suas responsabilidades originais e, novamente com apenas oito homens, organiza o Na Pisada do Bacamarte, uma inspiração de Marcelo Varela, com patrocínio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, reocupando com vários grupos o cenário da capital, depois de mais de 20 anos de ausência; cria a primeira inserção bacamarteira na internet com o blog www.bacamarteirosdepernambuco.blogspot.com * ; puxa, junto com bacamarteiros de Abreu e Lima e Bonito, as primeiras reuniões de fundação da Federação Pernambucana de Bacamarte; aprova, pela primeira vez através de edital público de incentivo, o projeto de Ponto de Cultura Bacamarte: Tiro da Paz, onde reinicia um processo de reestruturação do grupo, oferece oficinas de pífanos, xaxado e percussão, além de um curso de informática objetivando a inclusão digital de filhos de bacamarteiros, na maioria dos engenhos cabenses e, acossada por ações policiais e judiciais que levaram à prisão o mais importante artesão de bacamarte do Brasil, o mestre Lenilson Ferreira da Silva e apreensão de reúnas, abriu discussão com parlamentares, com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com o Ministério da Cultura (Representação Regional) e com o Exército Brasileiro a fim de dirimir os equívocos provocados pela falha legislativa de não incluir na redação final do Sistema Nacional de Armas (SINARM) o brinquedo folclórico pernambucano. A partir de uma reunião em Caruaru, solicitada pela SOBAC, o Exército, representado pelo Ten.Cel. Nogueira e o Ten. Arlindo, com a presença de dois policiais federais e várias lideranças bacamarteiras de várias regiões do estado, deu início a criação de uma Instrução Regional que tramita, no momento, em instâncias responsáveis por sua avaliação e que, se deferida, porá fim, definitivamente, às más interpretações que confundem mestre da cultura popular com bandidos.

Ivan Marinho
Professor, especialista em Economia da Cultura pela UFRGS.
Membro da Academia Cabense de Letras.
Este artigo foi tirado do blog bacamarteirosdepernambuco e foi publicado no ano de 2009.
*o blog www.bacamarteirosdepernambuco.blogspot.com foi pirateado e se encontra sob domínio desconhecido.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

FESTEJAR A VIDA

Por Ivan Marinho*

O livro A Alma do Homem no Socialismo, de Oscar Wilde, me encorajou a retomar questões da adolescência que pensei não mais encontrar espaço de reflexão. Como escrevo diário desde os 16 anos, posso comparar os universos da juventude e a da pretensa maturidade. Morro de rir com as certezas de outrora e de chorar com as incertezas de hoje.
Duas experiências trago da infância que me põem inquiridor com relação ao destino humano: A da criação de pequenos mundos a partir de brinquedos que representavam a realidade e a de desenvolver, conscientemente, imagens com os olhos fechados. Inventar o próprio olhar foi o produto destas vivências, acrescidos pela possibilidade de gratuidade de experiências prazerosas com a própria imaginação. Tudo aquilo punha na berlinda a necessidade de poder.
Quando iniciei este texto ainda não havia ido à Cupira, cidade do agreste pernambucano, para a fazenda de Seu Luiz. Já me haviam comentado sobre o caráter lúdico e, por que não dizer, dionisíaco da festa de São João em Cupira, no entanto, me faltava fé para acreditar que em pleno séc. XXI, com a hegemonia do Mercado, com a competitividade instituída e aclamada, pudéssemos, no seio de uma classe média/alta, encontrar uma ação tão despojada de interesses, a não ser o de festejar a vida. Seu Luiz disse que aquela brincadeira vinha da época de seu avô e que seu pai, antes de morrer, pedira que seus filhos dessem continuidade. Pois é, como bem diz o capitão Bidel, da SOCIEDADE DOS BACAMARTEIROS DO CABO, “é muita comida, muita bebida, muito forró e muita ‘póiva’ (pólvora)”. Tudo passa da conta e a porteira é escancarada para todos da cidade e de fora. Encontramos gente do batalhão de Bonito, Cortez... e o grupo inteiro de Abreu e Lima, comandado pelo jovem bacamarteiro Boy.
Os tiros aconteceram praticamente sem intervalos. Cinco mil cartuchos. Os bacamartes ficavam em brasa e o estímulo sensorial contínuo deslocava a realidade externa, criando uma aura circunscrita àquele espaço e àquele tempo, num êxtase unificador, onde se diluíam todas as diferenças, todas as intenções.
Fizemos muitas apresentações nesse festejo junino: caminhadas pelo Recife, patrocinada pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife, apresentações para o Trem do Forró, entre tantas outras, no entanto, nada nos deixou com o sentimento de plenitude como nos deixou a festa de São João de Cupira, na fazenda de Seu Luiz.
E não se pense que foi pela gratuidade da comida, bebida e pólvora, pois isto é condição mínima quando se trata da brincadeira do bacamarte, mas pela gratuidade das intenções, que tinha como único interesse festejar.
A partir de experiências como esta é que podemos compreender o Oscar Wilde quando fala do sacrifício de alguns em se dedicar ao poder e a riqueza.

*Professor, especialista em Economia da Cultura pela UFRGS.

BACAMARTE RETOMA ORGANIZAÇÃO FEDERATIVA

ENCONTRO ESTADUAL DOS BACAMARTEIROS EM FLORES REAFIRMA FORÇA DA MANIFESTAÇÃO EM PERNAMBUCO
Aconteceu, no dia 11 de dezembro, o Encontro Estadual dos Bacamarteiros de Pernambuco, organizado pela Fundação Pedro Daniel, no distrito de Fátima, na pessoa do Dr. Nelson Tadeu. Além da palestra de abertura, tratando da condição atual do bacamarte em Pernambuco, proferida por Ivan Marinho, presidente da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, o encontro teve o privilégio de contar com palestra do Ten. Humberto Teixeira sobre legislação e regulamentos relacionados ao bacamartismo.

No segundo momento os bacamarteiros discutiram sobre a fundação da Federação Pernambucana de Bacamarte e, por aclamação, decidiram que, no dia 29 de janeiro, na cidade do Bonito, será elaborado o estatuto da federação.

É muito importante que haja a participação de todas as lideranças bacamarteiras do estado, a fim de que as resoluções possam abranger todo o espectro de particularidades regionais, bem como para fortalecer a iniciativa que, sobretudo, pretende ampliar a comunicação, a formação técnica de produtores culturais na área e a afirmação visível de que o bacamartismo em Pernambuco é um exemplo de grande fraternidade popular.